sábado, janeiro 10, 2009

Le petit planète.


Pinto as paredes do meu quarto com as cores de meus presságios. Alguns se revelam claramente, sem hesitações, no lidar diário da vida comum. Outros se apresentam em sonhos estranhos, com tonalidades tão reais que penso estar acordada. Os presságios, que respiram por meus poros, surgem como uma frase dita sem pensar. Como aquelas que quando você percebe, já falou. Na maior parte das vezes, eles não atingem ninguém além de minha própria alma que, nestes momentos, se constrangem em dores inenarráveis. Tal como chuva cerrada, me afogo ao tentar arrancar delas a compreensão. Presságios prescidem de tais atentados. Vêm e pronto. Oráculos pouco desvelados não me ajudam em nada. Condição de existência não escolhida, sofro dos suores em technicolor. Agora mesmo não tenho cor alguma na parede muda de meu quarto. Acostumada a habitar este mundo além do real, estranho o estado do silêncio abismal que se faz em mim. Quem sabe uma nova ordem inaugure esta época diversa em meu pequeno universo e planetas ainda não descobertos constituam a verdadeira declaração sobre mim. Talvez sim, talvez não. A certeza porém do arcanjo a flutuar em amarelos e abóboras me conduz ao ousar da entrega. Sonhares. Presságios virão. E irão embora. Em minha mão um pincel delineará o caminho das estrelas, perto, muito perto de meu coração.


Sandra Porto.

Um comentário:

Rose Sztibe disse...

É, às vezes, tudo é puro paradoxo, outras, a certeza das manhãs.
Tudo de luz e sombras, lindo.
Quem sabe dai um gosto torto pela fotografia ...
bjs.