sexta-feira, setembro 30, 2005

Psicografia


Não consigo rever aquilo que me assoma a alma, num momento de destruição e encanto.

Arremedos de poemas caem do nada, como chuvas sem sentido pela minha mão a deslizar no amplo deserto de linhas.

Não sei o que faço, mas tenho que fazê-lo.

Poderia se chamar a isto um outro, que de mansinho – mas não mansamente – chega para me mostrar algo que não sei o que é.

Pode ser um caminho que tenho de percorrer agora.

Pode não ser nada além da minha tola imaginação que anseia a amplidão dos lugares onde os sábios de mim se escondem.

Pode ser que seja apenas um imenso vagar de minha mente desonesta e faceira, que a um só tempo brinca com meu sorriso e me acusa com sardônicos dentes de pérolas.

Pode ser. Pode não ser.

Tudo é. Tudo não é.

Aqui, sou.
Pintura: Farewall to Lincoln Square, Raphael Soyer.