segunda-feira, setembro 19, 2005

Segunda-feira Insana




















Velas e lúmens tremulam
Neste embaçado dia que nasce.
Distorcem as imagens e as faces
Dos crentes e ateus sem propósito,
Neste estranho desfile urbano.

Sem vírgulas, pontos ou reticências
Passamos sem forma e em fila
Pelos cantos das ruas de asfalto
Cantando e cantando e cantando.

Nos rostos e nos olhos lavados,
Pelas gotas da chuva que cai,
Misturam-se as lágrimas, represas
Libertas de prisões seculares.


Não somos os mesmos passando.
Sem peso, só sombras e mistérios roubando.


Os gritos, os gritos, os gritos.


Pintura: Elisabeth Gerhardt Sewing, August Macke