Velas e lúmens tremulam
Neste embaçado dia que nasce.
Distorcem as imagens e as faces
Dos crentes e ateus sem propósito,
Neste estranho desfile urbano.
Sem vírgulas, pontos ou reticências
Passamos sem forma e em fila
Pelos cantos das ruas de asfalto
Cantando e cantando e cantando.
Nos rostos e nos olhos lavados,
Pelas gotas da chuva que cai,
Misturam-se as lágrimas, represas
Libertas de prisões seculares.
Não somos os mesmos passando.
Sem peso, só sombras e mistérios roubando.
Os gritos, os gritos, os gritos.
Pintura: Elisabeth Gerhardt Sewing, August Macke
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